Diante do sequestro de seus bens em diversos países –amigos e inimigos–, a Venezuela lançou uma campanha internacional para mobilizar todos os recursos à sua disposição, com o objetivo de tornar transparentes as diversas formas do bloqueio desenhado pelos Estados Unidos e executado na forma de roubo por seus aliados europeus e americanos. A estratégia de Caracas visa recuperar seus ativos usurpados –em primeiro lugar, 31 toneladas de ouro depositadas no Banco da Inglaterra, que a Coroa e a Justiça do Reino Unido se recusam a devolver ao Banco Central da Venezuela, seu verdadeiro proprietário–, e também procura evidenciar a falta de segurança jurídica exibida pelas democracias ocidentais mais promovidas, mas que elas exigem das demais na defesa dos interesses de suas corporações.
Além do ouro retido na Inglaterra – “os piratas”, como os chamou o presidente Nicolás Maduro, “parafraseando os irmãos argentinos quando falam das Malvinas” – Caracas lançou uma vasta campanha para recuperar mais de 215 bilhões de dólares retidos no exterior. Esses são os ativos da CITGO, oitava maior refinaria dos Estados Unidos, maior ativo externo da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) e detentora de uma rede de 14.885 postos. Da Petroquímica Monómeros, nascida como uma joint venture com a Colômbia e agora intervencionada irregularmente pela Superintendência de Empresas de Bogotá. De um avião da Conviasa apreendido junto com sua tripulação em Buenos Aires (o que torna este sequestro do avião e de toda sua tripulação é saber do motivo, havia um iraniano em sua tripulação e o sequestro atende uma determinação dos EUA [grifo nosso]) e o cancelamento deliberado de uma dívida paraguaia de 269 milhões de dólares (Até o Paraguai participando?).
Todo esse pacote de dotações já foi investigado em janeiro de 2021 por uma comissão especial da Assembleia Nacional, que estabeleceu as perdas em pouco mais de ‘194 bilhões de dólares‘. Atualizado, um ano e meio depois a subtração ultrapassaria os ‘215.000 milhões‘ indicados. Na sexta-feira, enquanto Maduro citava os casos de peculato um a um, o deputado da oposição José Brito aderiu à campanha de denúncias e expressou sua confiança de que “agora, pelo menos no caso de Monómeros, com a instauração do governo amigo de Gustavo Petro na Colômbia podemos reincorporar a petroquímica ao patrimônio nacional”.
Essa cadeia de roubos foi estendida em janeiro de 2019, quando o ultradireitista Juan Guaidó se declarou chefe de Estado e, no âmbito de uma campanha de golpe contra Nicolás Maduro, foi apoiado por Washington, os países da União Europeia e alguns americanos. Ele nunca teve poder real, mas do governo de Donald Trump recebeu a tarefa de seguir a política de roubo iniciada em 2017 pelo próprio Trump e pelos britânicos Theresa May e Boris Johnson, usando o Banco da Inglaterra como braço executor. Os mesmos governos de Londres e o mesmo Judiciário que querem enviar Julian Assange ao cadafalso norte-americano e abençoar aqueles que perseguem os migrantes que chegam ao Reino Unido em busca de um prato de comida, agora querem entregar ouro venezuelano a Guaidó.
O roubo, ou como se queira chamar a usurpação de bens venezuelanos no exterior, não só desqualifica os Estados Unidos e seus aliados, mas também a oposição interna, que, de mãos dadas com uma formidável burocracia de 1.600 pessoas comandada por Guaidó, atua espalhada por todo o mundo ocidental. ‘Eles recebem seu salário de Washington’ e sua função é administrar os recursos das empresas estatais na Europa, bem como nos Estados Unidos e na Colômbia de extrema-direita recentemente falecida de Iván Duque. O grande alvo, fonte dos milhares e milhares de dólares que desapareceram segundo denúncias dos próprios aliados de Guaidó, é o CITGO, verdadeiro símbolo do poder da PDVSA no mundo.
Acreditando que o povo venezuelano iria aderir ao plano golpista, a oposição apoiou Guaidó. Julio Borges, ex-social-democrata na onda da extrema-direita, mudou de partido (foi para a Justiça Primeiro, do tricampeão Henrique Capriles) e acabou sendo ministro das Relações Exteriores de Guaidó. Fixou-se na Colômbia. Acrescentou às suas tarefas uma espécie de supervisão da administração de Monómeros. De acordo com suas próprias palavras, mas em outras palavras, eles não levaram isso em consideração no momento da distribuição. Ele renunciou à liderança diplomática de Guaidó e apontou para seu chefe. Ele não disse a palavra ofensiva, mas o acusou de ser um ladrão. “Perdemos legitimidade e apoio internacional, porque houve muitos erros e escândalos (…). Devemos passar os ativos para um trust”.
Para entender a ofensiva destrutiva lançada contra o CITGO, basta ver o papel desempenhado pela empresa nas entranhas da grande potência. Por iniciativa de Hugo Chávez, durante sete anos ele deu combustível de aquecimento gratuito a dois milhões de pobres no Bronx e em 23 estados. Um despacho da agência de notícias britânica Reuter dizia, já em dezembro de 2007, que somente naquele inverno a assistência que chegaria a 200 mil famílias seria de 45 milhões de galões (3,8 litros por galão), cerca de 100 milhões de dólares.
A entrega aos beneficiários foi assegurada pela Citizens Energy, fundação presidida por Joseph Kennedy. “Esta é uma ajuda que vem do coração do povo venezuelano”, disse ele, “para o coração do povo americano”. As palavras do filho do assassinado Bob Kennedy comoveram o mundo político. Com Trump, Joe Biden e Guaidó aproveitam a audácia de Chávez. «
*Horário argentino
Leia na íntegra: El gran saqueo de Occidente a Venezuela, espantoso, bestial, más allá de todo surrealismo…
[…] A Grande Pilhagem do Ocidente Contra a Venezuela, Assustadora, Bestial, Além de Todo Surrealismo… […]
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