Mexico
O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em espanhol Ejército Zapatista de Liberación Nacional, é uma organização armada mexicana de caráter político-militar e composição de maioria indígena. Sua inspiração política principal é o anarcossindicalismo, corrente principal de Zapata eMagón e sua estratégia militar é a guerrilha. Seu objetivo é “subverter a ordem para fazer a revolução socialista e criar uma sociedade mais justa”(indigenismo).1
Foi a público no estado mexicano de Chiapas em 1 de janeiro de 1994, quando um grupo de indígenas encapuzados e armados atacaram e ocuparam várias cabeceras municipais no mesmo dia em que entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, durante o governo de Carlos Salinas de Gortari, desestabilizando o sistema político mexicano e questionando suas promessas de modernidade. Seu objetivo era derrubar o presidente eleito democraticamente e a implantação de um governo socialista no México, fazendo alusão ao estilo de Cuba, Vietnã ou Angola. Após o fracasso militar de sua revolução, decidiu empreender uma atividade política, mantendo as armas e um caráter de guerrilha de esquerda radical. Seu comando tem por nome Comité Clandestino Revolucionário Indígena – Comando Geral (CCRI-CG) do EZLN.2
Durante o regime do partido único Partido Revolucionário Institucional (PRI) que durou mais de 70 anos, os movimentos camponeses, operários e populares que discordavam do modelo de nação priista enfrentaram consecutivas e sistemáticas repressões, o que fez com que muitos jovens considerassem os canais legais da participação política fechados e apostassem na formação de organizações armadas para buscar a derrota de um regime que de seu ponto de vista era autoritário, e melhorar as condições de vida da população.
De uma dessas organizações, a Forças de Libertação Nacional (FLN), surgiu o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).
As FLN foram fundadas em 6 de agosto de 1969, no norte do país: (Monterrey, Nuevo León) e, segundo o general Mario Arturo Acosta Chaparro, em seu informe Movimentos subversivos no México, “haviam estabelecido suas zonas de operação nos estados de Veracruz, Puebla, Tabasco, Nuevo León e Chiapas“.
Em fevereiro de 1974 aconteceria em San Miguel Nepantla, Estado de México, um confronto entre uma unidade do Exército federal – à frente do qual estava o então tenente coronel Acosta Chaparro – e integrantes da FLN. Alguns destes perderiam a vida no combate, como Carmen Ponce e Dení Prieto e outros seriam presos, como ocorreu com María Gloria Benavides, que denunciou haver sido torturada.3
Como consequência deste confronto, as FLN perderam sua capacidade operacional. No início da década de 1980, alguns de seus militantes decidiriam a fundação do Exército Zapatista de Libertação Nacional. Assim, em 17 de novembro de 1983, um grupo de pessoas entre as quais se encontravam indígenas e mestiços, declaram formalmente constituída a formação de um exército regular que em 1 de janeiro de 1994 sairia à luz pública sob a declaração de guerra ao governo mexicano.
Segundo documentos zapatistas, a historia do EZLN teve sete etapas. A primeira foi a de seleção dos líderes revolucionários (cinco homens e uma mulher) que formariam a primeira célula político-militar da organização. A segunda seria a da fundação propriamente dita do Exército Zapatista de Liberação Nacional, após a instalação do primeiro acampamento zapatista em Chiapas, que chamariam de “La Pesadilla”. A terceira etapa foi de preparação e estudo de estratégia e tática militar, a partir de manuais dos exércitos estadounidense e mexicano e de instalação de novos acampamentos como “El Fogón”, “Reclutas”, “Baby Doc“, “De la Juventud” e até um chamado “Margaret Thatcher”.5
Na quarta etapa, por volta de 1985, o grupo fez os primeiros contatos com os povos da região. A quinta etapa é chamada pelo próprio EZLN de “crescimento explosivo”, pois sua área de influência abarcou não só a Selva Lacandona, como também as zonas de Los Altos e do norte de Chiapas. A sexta etapa foi marcada por uma votação interna da organização, que dizia respeito a ir ou não à guerra contra o governo mexicano e aos preparativos para o levante, após o “sim” da maioria. (Os zapatistas situam cronologicamente nesta etapa um conflito, em maio de 1993, com elementos do Exército federal, no que chamaram de “Batalha da Corralchén”). Em dezembro de 1993, o EZLN, amparando-se no Artigo 39º da Constituição Política do México, inicialmente planejava a derrubada do então presidente, Carlos Salinas de Gortari, sob a acusação de que, nas eleições de 1988, “havia usurpado o posto do primeiro mandatário por meio de uma fraude eleitoral de enormes proporções”. Com esse mesmo postulado, declarava guerra ao Exército Mexicano, chamando os poderes Legislativo e Judiciário “a restaurar a legalidade e a estabilidade da Nação, por meio da deposição do ditador”.
O EZLN considerava que o sexêio salinista tinha como ponto de partida um processo eleitoral atormentado por irregularidades que iam desde um censo com cidadãos já falecidos – fazendo com que parecesse que haviam votado; até um sistema de apuração de votos que, quando registrou números favoráveis ao ex priísta Cuauhtémoc Cárdenas Solórzano, “veio abaixo”; passando pela queima das cédulas eleitorais quando a sociedade e os partidos políticos de oposição exigiram a recontagem para esclarecer a eleição. Ainda assim, precisamente porque as cédulas foram queimadas, a teoria de fraude foi uma idéia que predominou em boa parte da população mexicana sem que nunca tenha sido comprovada. Além disso, em1994 o governo de Salinas de Gortari gozava de tão boa reputação, tanto no México quanto fora, que chegou a concorrer para presidir a Organização Mundial do Comércio (OMC) e, em alguns círculos de política nacional, se aventava a possibilidade de reformar a Constituição para permitir sua reeleição.
Cronologia política e militar
Entre a madrugada de 29 de dezembro de 1993 e a tarde de 31, aconteceria a sétima etapa programada pelo EZLN, com o objetivo de atacar simultaneamente quatro cabeceras municipais e outras três “na passagem”, reduzir as tropas policiais e militares nesses locais e atacar dois grandes quartéis do Exército Federal.
Ainda que já existissem diversos informes que relatavam a presença zapatista na região conhecida como os Altos de Chiapas, o ato tomaria de surpresa o Governo Federal, que se preparava para a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, entre Estados Unidos, Canadá e México.
- 1994
Estado de Chiapas.
Em 1º de janeiro de 1994, o autodenominado Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), repentinamente e sem uma declaração prévia, inicia uma insurreição armada no estado de Chiapas, conhecida como levante zapatista. Uma vez realizadas as ocupações, emitem a Primeira Declaração da Selva Lacandona, por meio da qual declaram guerra ao governo mexicano ao mesmo tempo em que pedem “trabalho, terra, teto, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz”.
Nas primeiras horas do ano novo, os rebeldes atacam e conseguem ocupar as cabeceras municipais de San Cristóbal de Las Casas, Altamirano, Las Margaritas e Ocosingo, Oxchuc, Huixtán e Chanal.
Em 2 de janeiro, atacou a XXXI Zona Militar em um combate que durou mais de dez horas, apesar do comandante militar, o general Gastón Menchaca Arias, haver concedido o dia de folga a vários integrantes de suas tropas por causa do ano novo. Ao final, o EZLN não conseguiu seu objetivo e recuou para dentro da mata.
Enquanto isso, chegava ao fim a Batalha de Ocosingo, uma das mais sangrentas dos primeiros dias de enfrentamento. Segundo fontes governamentais, o exército federal combateu o EZLN com a instrução de cuidar da população civil, o que ficou dificultado quando os subversivos se protegeram usando os moradores como reféns. Uma dessas ações teve como resultado a morte do Subcomandante Insurgente Pedro, chefe do estado maior do EZLN.
No dia 3 os rebeldes capturam o general Absalón Castellanos Domínguez, ex governador de Chiapas, mas em 4 de janeiro o exército já tinha o controle total de Ocosingo e das demais cabeceras municipais que o EZLN havia tomado. Durante os oito dias seguintes, a capacidade de ataque do EZLN era quase nula. Informes Castrenses confirmavam a derrota do EZLN pelo exército federal e seu fracasso quanto à “marcha à Cidade do México” citada na Primeira Declaração da Selva Lacandona, já que militarmente os rebeldes não tiveram oportunidade de ir além dos municípios inicialmente tomados.
O ataque dos subversivos resultou num saldo de 57 mortos e 40 feridos.6
Após a surpresa inicial, o presidente da República Mexicana, Carlos Salinas de Gortari, dirige uma primeira mensagem à nação em 6 de janeiro, negando que se tratava de um levante indígena e oferecendo perdão a quem decidisse depor as armas. Desde então o governo acusa o EZLN de receber apoio estrangeiro, enquanto o EZLN emite um comunicado no qual rechaça essas acusações e denuncia abusos dos militares contra os quais lutaram.
Não havendo alcançado seus objetivos e frente à resposta militar, os rebeldes reagiram em um primeiro momento buscando negociação e propuseram o bispo de San Cristóbal de las Casas, Samuel Ruiz, Rigoberta Menchú e o jornalista Julio Scherer como mediadores do diálogo. Depois disso, Días estabeleceu os requisitos que deveria cumprir a comissão negociadora. O governo respondeu nomeando, no dia 10 de janeiro, Manuel Camacho Solís como comissário para a Paz e a Reconciliação em Chiapas, oferecendo ao EZLN “paz com justiça e democracia”.
O EZLN prosseguiu com suas atividades guerrilheiras e, no dia 8, persegue com disparos as instalações do quartel general da XXXI Zona Militar (San Cristóbal de las Casas). Registraram-se atentados contra torres de abastecimento elétrico e contra um gasoduto de petróleo mexicanos. Além disso, presumidos zapatistas derrubaram duas torres de abastecimento elétrico nos estados de Puebla e Michoacán e, no dia seguinte, explodiu um carro-bomba na capital mexicana, e grupos simpatizantes aos zapatistas armam uma bomba no palácio do governo de Acapulco. Depois, um carro-bomba explodiu próximo a um campo militar no estado do México, em Hidalgo e na capital mexicana, respectivamente. Os rebeldes advertiram que outros atentados seriam possíveis na capital mexicana.7
No dia 12 de janeiro, o presidente Carlos Salinas de Gortari ordenou um cessar-fogo unilateral do Exército em Chiapas, como primeiro passo para iniciar o diálogo, e enviou à Comissão Permanente do Congresso da União sua proposta de Lei de Anistia geral. Nesse momento, os confrontos motivados pela insurreição haviam causado 108 mortes, segundo dados oficiais, enquanto o subcomandante insurgente Marcos afirmaria anos mais tarde que 46 rebeldes foram mortos durante os 12 días de combates entre a guerrilha e o exército mexicano em janeiro de 1994.8
No âmbito político, o 18 de janeiro levou à renúncia do governador interino de Chiapas, Elmar Setzer, que foi substituído por Javier López Moreno e o EZLN, que havia aceitado Manuel Camacho como comissário de Paz, propôs uma agenda de quatro pontos para negociar e estabeleceu, mediante um comunicado, a agenda para iniciar a negociação. Os rebeldes também anunciaram intenções de trocar o ex-governador sequestrado por prisioneiros zapatistas. Camacho Solís aceitou a proposta. Cerca de 70.000 pessoas marcharam na cidade do México a favor da paz.9
Exatamente um mês após haver começado sua insurreição, o EZLN fez um pedido àos indígenas de Guerrero para que não os deixassem sós. Também pediram que as ONGs formassem um cinturão de paz ao redor do diálogo. A Cruz Vermelha, a sociedade civil e a polícia militar instalaram cinturões para resguardar as negociações mediante enquanto foram chegando a San Cristóbal de las Casas 19 delegados zapatistas para participar nas Jornadas pela Paz e a Reconciliação. As primeiras negociações entre EZLN e o governo federal tiveram início em 16 de fevereiro.
Em primeiro de março, o EZLN apresentou ao governo salinista uma lista com suas exigências e este propôs mudanças políticas ordenadas no âmbito da lei. O diálogo terminou no dia 22, sem acordos, e os zapatistas anunciaram uma consulta para revisar o documento governamental entre suas comunidades indígenas e suas bases de apoio, ao mesmo tempo que restringiram o acesso da imprensa à zona de conflito. Mas a crise política terminou por se manifestar na tarde de 23 de março, quando o candidato priísta à presidência da República, o ex-secretário de Desenvolvimento Social durante o sexênio salinista Luis Donaldo Colosio Murrieta, foi assassinado em Lomas Taurinas, um subúrbio de Tijuana, no norte do México. As circunstâncias do assassinato deram lugar a suspeitas de cumplicidade de alguns políticos e militares de alto escalão, incluindo até o gabinete presidencial.
Em meados de 1994, a sensação de estar em meio a uma guerra em Chiapas – onde o Exército Mexicano havia alocado, segundo os cálculos mais conservadores, 12 mil efetivos, centenas de reservistas e bases de operações militares – ia se diluindo na opinião pública, ao mesmo tempo em que se esperava que, de um momento para outro, firmaria-se a paz. O governo, apesar de acusações de militarização da chamada “zona de conflito” e de estender a presença militar por todo o território nacional, gradualmente recuperou parte do controle político da situação. De modo que não se via nenhum obstáculo para a realização das eleições federais desse ano. O EZLN, por sua vez, havia feito dos Diálogos de Catedral o palco de uma de suas ações de propaganda mais importantes até este momento. Na “Catedral da paz”, os zapatistas, o comissário Manuel Camacho e o bispo Samuel Ruiz renderam tributo à bandeira nacional.
Em 10 de junho o EZLN emitiu a “Segunda Declaração da Selva Lacandona”, na qual propõe, entre outras coisas, repensar o problema do poder, libertade e justiça para que nasça uma nova cultura política dentro dos partidos do país. Dois dias depois toma conhecimento do resultado de sua consulta e rechaça as propostas governamentais, o que provoca a renúncia de Manuel Camacho Solís como comissário para a Paz em Chiapas, acusando o candidato presidencial do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Ernesto Zedillo, de sabotar as negociações. Jorge Madrazo é nomeado em seu lugar.
Em 6 de agosto, convocada pelo EZLN, inicia-se em San Cristóbal de las Casas a Convenção Nacional Democrática (CND), “nacional, soberana e revolucionária”, cuja aposta a médio prazo era a instauração de um “governo de transição” e a formação de uma “nova Constituinte, que por sua vez redigiria uma “nova Magna Carta”, finalizada após 3 dias no município de Guadalupe Tepeyac, Chiapas. Entretanto, a CND se desmobilizou logo após as eleições federais de 1994 e o triunfo de Ernesto Zedillo Ponce De León que, como coordenador de campanha de Luis Donaldo Colosio, após a morte deste, tornou-se o candidato priísta à presidência da República. No estado de Chiapas, Eduardo Robledo Rincón, candidato priísta a governador, é proclamado governador em meio a protestos e acusações de fraude por parte da Aliança Cívica Nacional e Chiapaneca, que argumentava que um conjunto de irregularidades, como mapeamento manipulado – isto é, aprovação de distritos eleitorais que atravessavam montanhas e desfiladeiros ao invés de seções eleitorais seguindo a geografia natural – de forma a impedir que milhares camponeses e indígenas votassem, recolhimento de títulos de eleitor por parte do exército, coação de voto por meio de clientelismos diversos, ameaças diretas e desaparecimento ou troca de registros, entre outras, afetam os resultados das eleições, modificando a correlação de forças a favor do candidato priísta local.
Em 13 de outubro, o bispo Samuel Ruiz apresentou uma iniciativa para um novo diálogo e reiniciou as negociações entre o EZLN e o governo federal, que foi recebida positivamente pelo EZLN em novembro. Entretanto, no início de dezembro os zapatistas consideraram que a imposição de Eduardo Robledo formalizou a ruptura do cessar-fogo por parte das tropas militares e “nomearam” Amado Avendaño Figueroa, diretor do periódico local El Tiempo e candidato perredista ao governo, como “governador em rebeldia”, o que incluiu a entrega do bastão de mando por parte dos pueblos indígenas do estado, os quais haviam decretado sua autonomia desde outubro. Não obstante, em 14 de dezembro, estabeleu-se a Comissão para e Diálogo e a Mediação pela Paz, integrada por legisladores. A resposta do EZLN foi romper o cerco militar e lançar uma ofensiva política, de forma que 38 novos municípios de Chiapas foram declarados territórios rebeldes no dia 19. Em 23 de dezembro, a Secretaria do Governo reconheceu a Conai como instância mediadora para o diálogo com os insurgentes, os quais anunciaram no dia 29 um restabelecimento de suas forças e oferecem uma trégua militar até o dia 6 de janeiro de 1995.
- 1995
Líder insurgente a cavalo.
No início de janeiro o EZLN lança a “Terceira Declaração da Selva Lacandona”, onde propõe à sociedade a criação de um Movimento para a Libertação Nacional. Em meados do mês, o secretário do Governo, Esteban Moctezuma, reúne-se com uma delegação zapatista e juntos se comprometem a um cessar fogo estável e à reabertura do processo de solução política. Em fevereiro, durante três dias, realizou-se a terceira sessão da Convenção Nacional Democrática em Querétaro.
No dia 9, o presidente Ernesto Zedillo anuncia que as identidades dos dirigente zapatistas haviam sido descobertas e que, em aplicação da lei, havia-se liberado contra eles as respectivas ordens de captura. Assim, o governo federal mexicano identificou o porta-voz da guerrilha – “Marcos” – como o ex-professor e filósofo Rafael Sebastián Guillén Vicente, de 38 anos, e emitiu um mandado de prisão em seu nome, por porte de armas exclusivas do exército e terrorismo, entre outros delitos. Marcos aparecia em público usando balaclava e, muitas vezes, fumando um cachimbo.10 Dois dias depois, o Exército mexicano avançou sobre várias populações de Chiapas e retomou o controle de alguns povoados que haviam sido ocupados pela insurgência zapatista. Em somente 15 dias, mais de 20 mil pessoas fugiram de suas comunidades para a mata, enquanto o exército ocupava o terrirório abandonado. Dessa forma, o governo federal seguia uma estratégia dupla de combate contra a insurgência: por um lado, a Secretaria do Governo buscava negociações políticas com o EZLN e, por outro, a Procuradoria Geral da República ditava ordens de prisão contra aqueles que supostamente formavam sua dirigência, de forma a manter cobertura legal para as ações do exército mexicano.11 Em meados do mês, cercado pela pressão militar, o EZLN pede o fim da guerra. Os partidos e associações de esquerda dão início a grandes mobilizações a nível nacional e internacional para obrigar o governo a iniciar uma negociação. Nessas circunstâncias, e uma vez recuperada a iniciativa política, os zapatistas condicionam o inicio do diálogo por eles solicitado à saída do exército mexicano da selva e à anulação das ordens de prisão pela Justiça mexicana.
A perseguição e prisão da suposta dirigência zapatista levou a sociedade civil a voltar novamente às ruas, em protesto contra o que a esquerda radical considerou uma nova escalada de repressão. Em março, o presidente Zedillo e a Comissão Legislativa de Diálogo e Conciliação no estado de Chiapas firmaram a Medida para o Diálogo, a Conciliação e a Paz Digna no estado, que foi enviada ao Congresso da União e discutida na Câmara de Deputados. O resultado imediato foi a aprovação da Lei para o Diálogo, a Conciliação e a Paz Digna em Chiapas12 que, no fim do mês, foi enviada ao EZLN por intermédio da Conai. Por um lado, isso deu início às Mesas de San Miguel, onde, em 9 de abril, foi firmado entre o governo federal e o EZLN o “Protocolo de Bases para o Diálogo e Negociação do Acordo de Concórdia e Pacificação com Justiça e Dignidade”, ponto de partida do diálogo em San Andrés; por outro lado, deu origem à organização do que o EZLN chamou de Consulta Nacional e Internacional pela Paz e Democracia.
Em 22 de abril se iniciou o diálogo entre os zapatistas e o Governo federal, com mediação de Marco Antonio Berna, mas não se chegou a nenhum acordo. Em 12 de maio, o EZLN rechaça a proposta governamental de trégua. Assim, no dia 14, o governo propôs sete rotas para que os zapatistas concentrem seus integrantes, conservando suas armas e organização. Em 7 de junho, iniciou-se a terceira fase do diálogo entre governo federal e EZLN. Alguns dias depois, as bases zapatistas acordaram com a Aliança Cívica Nacional e a Convenção Nacional Democrática a realização de uma Consulta Nacional pela Paz e Democracia en agosto. Em julho, as negociações prosseguiram e, durante os dias 4 e 5 desse mês, o EZLN e o governo discutiram suas propostas. Os zapatistas apresentaram quatro exigências e propuseram a instalação de 15 mesas de trabalho. Em 27 de agosto, realizou-se a consulta nacional em todas as entidades da República. O EZLN organizou também o Primeiro Encontro Intercontinental pela Humanidade e contra o neoliberalismo, ao qual 3 mil pessoas de quarenta e dois países dos cinco continentes assistiram em uma semana.
Em 5 de setembro, seguindo a instrução presidencial de Ernesto Zedillo, a Comissão de Concórdia e Pacificação convidou formalmente o EZLN a participar no diálogo para a reforma de Estado e a mesa nacional de negociação. Reuniram-se no último dia do mês na comunidade de La Realidad, Chiapas, onde discutiram a realização do fórum especial proposto pelos zapatistas. Em 2 de outubro, as negociações pela paz foram retomadas em San Andrés Larráinzar. Foram fixadas as regras para a instalação e o funcionamento das mesas de trabalho e, logo depois, foram iniciados os trabalhos da mesa 1 (“Diretor e Cultura Indígena”). Também foram instalados os 6 grupos de trabahos acordados entre o governo e o EZLN. A Procuradoria Geral da República anunciou a prisão de Fernando Yáñez Muñoz, acusado de ser o “comandante Germán”, o que levou à interrupção das negociações. Ele foi libertado no dia seguinte.
- 1996
Conforme vinha ocorrendo todos os anos desde sua insurreição armada, o EZLN lançou a Quarta Declaração da Selva Lacandona. Ela levantou a decisão do EZLN de ajudar a construir uma nova política, apartidária e que não lute pelo poder, independente, autônoma, pacífica, “baseada no EZLN”. No dia 5 de janeiro, o “subcomandante insurgente Marcos” abandonou seu esconderijo na mata e viaja a San Cristóbal para participar do Fórum Nacional Especial de Cultura e Direitos Indígenas que se havia iniciado dois dias antes. No dia 10, encerrou-se o Fórum com a proposta de integrar uma nova organização que posteriormente seria conhecida como Congresso Nacional Indígena.
Em 16 de fevereiro, os zapatistas e o Governo federal firmaram os acordos sobre Direito e Cultura Indígena, por meio dos quais o governo se comprometeu a reconhecer os povos indígenas na Constituição.13
Em 2 de maio, Javier Elorriaga Berdegué e Sebastián Etzin Gómez foram sentenciados a 13 e seis anos de prisão, respectivamente, por crimes de terrorismo. Após saber da sentença, o EZLN declarou que ela constituia uma provocação à paz, uma violação à Lei para o Diálogo, e suspendeu sua participação no processo de negociação.14 Em 6 de junho, após uma intensa campanha nacional e internacional pedindo a libertação dos sentenciados, uma corte de apelação revogou a sentença contra os presumidos zapatistas, que foram soltos. O EZLN suspendeu o estado de alerta de suas tropas.
Em 2 de setembro, o “exército zapatista” decidiu suspender sua participação nos diálogos de San Andrés e estabeleceu cinco condições para regressar às negociações: 1) Liberação de todos os presumidos zapatistas; 2) Comissão governamental com capacidade de decisão política e que respeita a delegação zapatista; 3) A instalação da Comissão de Seguimento e Verificação; 4) Propostas sérias e concretas da parte do governo para a negociação sobre o tema Democracia e Justiça e 5) Fim do clima de perseguição militar e policial contra as comunidades indígenas de Chiapas. Enquanto isso, em outubro, o EZLN resolveu enviar a “comandante Ramona” (enferma terminal de câncer de rim) à Cidade do México para participar no ato de 12 de outubro do Congresso Nacional Indígena. Durante o ato, a “comandante Ramona” pronunciou um discurso que termina com a frase: “nunca mais um México sem nós”. Já em dezembro o presidente Ernesto Zedillo rechaça algumas formulações da proposta da Comissão de Concórdia e Pacificação, assim como aspectos fundamentais dos acordos de San Andrés.15
- 1997
Diante do rechaço, o EZLN se reuniu com a Comissão de Concórdia e Pacificação e recusou a contraproposta governamental. Também afirmou que não regressaria à mesa de negociação até que fossem implementados os acordos de San Andrés sobre Direitos e Cultura Indígenas. De imediato, as medidas de pressão ao governo foram organizadas: A “comandante Ramona”, junto com o congresso Nacional Indígena, participou de um comício na praça de Cidade Universitária para exigir respeito aos acordos de San Andrés. Em julho, os rebeldes impediram que a presumível vitória do PRI fosse votada em várias assembléias de Chiapasante. Em setembro, mais de mil índios zapatistas foram de ônibus até a capital federal para participar de um grande comício.
Em 22 de dezembro, quarenta e cinco índios tzotziles simpatizantes do EZLN foram assassinados por um grupo paramilitar armado em Acteal, uma comunidade situada a 50 km de San Cristóbal. Esse fato seria conhecido como a Matança de Acteal. Os 20 envolvidos seriam condenados pela justiça mexicana em julho de 1998 a 35 anos de prisão.
- 1998
Em janeiro, uma mulher foi morta por disparos da polícia municipal chiapaneca, quando esta reagiu à passagem de uma marcha de indígenas em Ocosingo.
Em fevereiro, teve início uma campanha da Secretaria do Governo para retirar da zona do conflito em Chiapas milhares de estrangeiros que faziam ativismo político. Em 25 de fevereiro, em uma entrevista concedida para a agência de notícias Reuters, Vicente Fox, (candidato à presidência do país pelo PAN), afirmou que, se “Marcos” queria a melhoria de Chiapas, do país e do mundo indígena, “deveríamos nos entender um pouco (para resolver o conflito)”. Ainda adicionou que “isso não deve levar mais de 15 minutos”.
Cartaz na zona sob controle rebelde.
A partir de abril, o governo de Chiapas começou a desmantelar municipios instaurados por simpatizantes zapatistas: em abril desmantelou Ricardo Flores Magón, que tinha como cabecera municipal o povoado de Taniperlas. Nessa ação, 12 estrangeiros provenientes da Bélgica, Estados Unidos eEspanha foram detidos e extraditados. Um acampamento militar e uma barreira policial se instalaram no centro da comunidade e, para sua proteção, cresce na região o grupo de autodefesa denominado Movimento Indígena Revolucionário Antizapatista (MIRA). Em 1 de maio, foi desmantelado o município autônomo zapatista Tierra y Libertad, que encontrava-se no município oficial de Las Margaritas, em Chiapas. A ação teve um saldo de 63 detidos, três feridos, 140 desabrigados e três acusações de estupro. Um acampamento militar e várias barreiras policiais foram instaladas nos acessos e no povoado. Às 6 da manhã de 3 de junho, mais de dois mil efetivos da polícia e do exército desmantelaram o município autônomo de Nicolás Ruiz, também em Chiapas. No centro do povoado, foi necessário o uso de gás lacrimogênio e de força, diante da resistência dos simpatizantes do EZLN. Segundo diversas informações, como resultado, várias mulheres grávidas foram golpeadas, dezenas de pessoas e crianças foram feridos e intoxicados, as casas foram revistadas sem mandado judicial, e todo o dinheiro e os pertences de valor foram saqueados. Finalmente, em 10 de junho, as Forças Armadas mexicanas, apoiadas por efetivos da polícia, enfrentaram as bases de apoio zapatistas e adentram nas comunidades de Chavajeval e Unión Progreso, no declarado município autônomo zapatista de San Juan de la Libertad (sede de um conselho rebelde zapatista), vencendo a resistência zapatista, que perde 9 efetivos como resultado das mortes no confronto. A população fugiu dos combates, em direção às montanhas. Calcula-se em mais de mil o número de desabrigados. Existem acusações de roubo, saque e profanação de templos e capelas. Muitos animais foram mortos e algumas plantações, destruídas. A polícia buscou nas casas existência de identificações pessoais.
Em meados de julho, o “subcomandante Marcos”, líder da guerrilha zapatista, propôs uma nova iniciativa que agilizasse o processo de paz em Chiapas e expõe a Quinta Declaração da Selva Lacandona, na qual propõe que a lei de direitos e culturas indígenas seja levada a uma consulta nacional.
- 1999
La Realidad, Chiapas, 1999.
Em março, foi realizada uma “consulta nacional” sobre direitos e culturas indígenas, patrocinada pelos zapatistas, mas uma resposta política veio somente em junho. Ela ocorreu quando o governador de Guanajuato manifestou em uma entrevista que “ele pede diálogo com o “subcomandante Marcos” para falar sobre o futuro do país e chegar a um acordo“.
Em agosto, foi reiniciado o combate armado entre os rebeldes e o soldados do Exército Federal em Chiapas. Ambos se acusam mutuamente de haver iniciado as hostilidades. Nove soldados foram feridos.
Leia mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_Zapatista_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_Nacional
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Haiti
Tradução feita pelo google
Protestos violentos no Haiti exigiram a renúncia do presidente Martelly
A polícia e os soldados das tropas da MINUSTAH (ONU) reprimiu violentamente os manifestantes. Há pelo menos uma morte.
CADA VEZ QUE TOMA MAIS SENTIDO DA EXIGÊNCIA de retirar as tropas de ocupação da ONURéprimer servem apenas para o povo haitiano.
Manifestantes haitianos exigir que Martelly deixa.
A polícia haitiana, ajudados por forças da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), Sexta-feira dispersa milhares de opositores que tentaram chegar ao Palácio Nacional alto exigindo a renúncia do presidente, Michel Martelly e seu primeiro-ministro Laurent Lamothe.
Os manifestantes, que percorreram várias ruas de Port-au-Prince, não prestou atenção ao percurso concordaram com a polícia e foi até a sede do governo, onde um forte contingente policial guardava o lugar com gás lacrimogêneo e tiros para o ar.
Os opositores, porém, responderam jogando pedras e outros objetos contundentes, como garrafas e pedaços de metal, além de erguer barricadas em várias partes da capital, onde queimou pneus e causar caos no trânsito.
A manifestação foi organizada pelo partido Família Lavalas, liderado pelo presidente haitiano Jean Bertrand Aristide, que enfrenta julgamento por alegada corrupção, quando ele correu o país.
Haitianos adversários gritaram nas ruas contra as recomendações do Comité Consultivo, um grupo de 11 notáveis nomeado pelo Martelly para descobrir o tumulto.
A comissão recomendou uma trégua política, a renúncia do primeiro-ministro Lamothe, o Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSPJ) e da renúncia de membros do Conselho Eleitoral Provisório (CEP).
Os manifestantes, entre os quais os líderes Rony Timothée e Byron Odigé, divulgados ontem, depois de dois meses de prisão foram gritou Martelly também teve que renunciar.
Os líderes da oposição ficou preso sob a acusação de suposta vandalismo, mas nunca foram levados perante um juiz nem foram feitos registros.
A oposição a Martelly também exigiu a libertação de outros líderes, como Enold e Joshua Florestal, Louima Louis Juste e irmãos Jean-Robert Vincent.
Protester morre no Haiti depois de protestos anti-governamentais
Os protestos foram realizados na sequência da decisão do presidente Michel Martelly para suspender as eleições legislativas e autárquicas de Outubro. | Foto: Evening
14 de dezembro, 2014
Oposição haitiana continua planos de protesto contra o governo. Este domingo matou uma pessoa após o segundo dia de protestos.
Uma pessoa morreu no domingo, no segundo dia de protestos contra o governo no Haiti, onde no domingo anunciou sua renúncia primeiro-ministro Laurent Lamothe, que disse sair “com um sentimento de realização.”
Lamothe disse que seu país passou por uma transformação profunda e dinâmica e uma mudança real para o benefício do seu povo. Junto com Lamothe abandonaram seus postos vários membros do Gabinete.
Anteriormente o presidente do país, Michael Martelly, disse que aceitou sua renúncia para superar a crise política voltada para a nação.
NO CONTEXTO
As manifestações são realizadas no Haiti na sequência da decisão do presidente Michel Martelly para suspender as eleições legislativas e municipais em outubro dificuldades na organização das eleições.
Os opositores pediram sua renúncia Martelly eo primeiro-ministro Laurent Lamothe, embora o Governo anunciou a criação de um comité consultivo para resolver a situação das eleições.
As eleições legislativas e municipais não foram realizadas desde 2011 pelas dificuldades na organização das eleições, que têm a ver com a recuperação do Haiti.
A última vez que o governo adiou as eleições, foi o último 26 de outubro, devido à lei eleitoral é “fechado” no Senado, disse Martelly.
A oposição convocou novas manifestações, em 15 e 16 de Dezembro, datas que estarão no Haiti Secretário de Estado, John Kerry.
Primeiro-ministro haitiano renuncia após semanas de protestos
14 de dezembro, 2014Editorial Organização Mexicana
Puerto Principe, Haiti.- primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamothe, renunciou a seu cargo esta manhã depois de semanas de protestos violentos eleições exigentes.
Lamothe dispensado pelo fracasso do presidente Michel Martelly para realizar eleições, que foram adiadas devido a divergências entre o governo e um grupo de senadores da oposição sobre a lei eleitoral.
Uma comissão composta por 11 personalidades haitianas de diferentes setores, recomendou a demissão de Lamothe, o chefe da Suprema Corte e da comissão eleitoral do país , a fim de superar o impasse.
Lamothe Presidente nomeou como primeiro-ministro em 2012, e estima-se ser candidato à presidência na próxima eleição.
Tudo acontece em meio a uma crise política pelas diferenças entre os poderes executivo e legislativo.
O país também manifestações exigindo a libertação imediata de vários líderes da oposição detidos em manifestações realizadas em outubro passado.